Certidão de óbito de Dona Beja é emitida mais de 150 anos após a morte
O registro tardio da morte ocorreu em 6 de março após decisão do Poder Judiciário de Estrela do Sul, onde Dona Beja viveu os últimos anos de vida. A certidão a será enviada para o Museu de Araxá.
Com informações TV Integração
A certidão de óbito de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, foi emitida 151 anos após sua morte. O registrou tardio do óbito foi emitido no dia 6 de março após ser autorizado pela Justiça.
Ela morreu em Estrela do Sul, Triângulo Mineiro, no dia 20 de dezembro de 1873, quando a cidade ainda se chamava Bagagem. A autorização atendeu a uma ação ajuizada pelo Ministério Público que constatou a inexistência da certidão de óbito da personagem. O documento será enviado para o Museu de Araxá, onde ficará exposto.
A decisão que autorizou o registro de óbito é do juiz Cássio Macedo da Silva. A iniciativa partiu do promotor de Justiça da Comarca, André Luís Alves de Melo. Ao justificar o pedido, a promotoria apresentou cópias do inventário e do testamento de Dona Beja e informações prestadas pelos cartórios de Registro Civil.
A justificativa é de que a legislação só permite o registro civil de óbito tardio quando estão ausentes provas documentais e testemunhais da morte em razão de ter se passado 150 anos.
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Quem foi Dona Beja
Conhecida pela beleza e poder de sedução, Dona Beja acumulou fortuna e foi personagem polêmica e influente no período imperial. Ela nasceu em Formiga (MG) no dia 2 de janeiro de 1800, filha de Maria Bernardo dos Santos e de pai não declarado.
Ainda jovem se mudou para Araxá, onde sua fama se espalhou pelo país. Influenciada por um genro, Dona Beja se mudou novamente, dessa vez, para a antiga Bagagem (atual Estrela do Sul), onde morreu em consequência de uma inflamação renal.
A historiadora Raquel Leão, conta que Dona Beja foi uma mulher muito “diferenciada” para sua época.
“Ela era mãe solteira, sozinha, não se limitou ao papel de lar imposto à ela. Ela foi muito atuante na política liberal, as reuniões eram feitas na chácara dela, coisa que não era muito normal para o momento. As mulheres do século XIX eram muito submissas, já Dona Beja, não”, conta Raquel.
O corpo de Dona Beija foi enterrado num antigo cemitério onde é hoje a praça da matriz em Estrela do Sul.
O museu
O Museu Dona Beja, como é conhecido, é uma das referências turísticas de Araxá, e foi fundado em 1965. O local guarda a história do município mineiro e de personagens ilustres, como a própria Beja.
Em 4 de setembro de 1965, o casarão localizado na praça Coronel Adolpho, nº 98, foi transformado no museu e inaugurado como “Museu Regional Dona Beja” pelo jornalista Assis Chateaubriand. O primeiro do país de uma série de museus regionais criados pelo jornalista e um “presente para a cidade”, pois era o ano do centenário da emancipação política de Araxá.
Em 23 de maio de 1986, o nome foi alterado para “Museu Municipal Dona Beja”.