Coordenado por pesquisadora da UFTM, estudo mostra resultados promissores contra o câncer de mama
Pesquisa propõe um tipo de imunoterapia feita a partir de material do próprio paciente.
Com informações G1 Triângulo
O câncer de mama é um problema global que afeta mulheres em todo o mundo, levando à necessidade de pesquisas para melhorar o diagnóstico e tratamento.
Um estudo coordenado pela pesquisadora Márcia Antoniazi Michelin, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em Uberaba, investiga uma abordagem chamada imunoterapia autóloga, que usa células dendríticas do próprio paciente para combater o câncer.
Essas células dendríticas – que têm esse nome por terem dendritos, prolongamentos que auxiliam na recepção de estímulos –, ajudam o organismo do paciente no processo da resposta imunológica, combatendo infecções promovidas por bactérias ou outros microrganismos.
“As células dendríticas têm características muito importantes e podem induzir a resposta imune do organismo. Pacientes com câncer em fase terminal têm muitas células dendríticas circulantes no sangue, mas todas elas estão em uma forma imatura. Elas não estão aptas a iniciar o sistema de defesa”, a pesquisadora explica.
Para facilitar, a pesquisadora compara o sistema de defesa do corpo humano a uma orquestra:
- É como se cada célula linfócitos T, células funcionais do sistema imune, tocasse um instrumento de acordo com um maestro.
- O maestro, por sua vez, recebe ordens das células dendríticas.
Muitos pacientes em estado terminal possuem essas células dendríticas circulando no sangue em uma forma imatura. Elas não estão aptas ainda a iniciar o sistema de defesa, e a partir desse ponto que a pesquisa tem foco.
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Na prática, o sangue do paciente é coletado e é separado em laboratório em um só tipo celular, chamado de células mononucleares. Essas células são estimuladas com fatores de crescimento, para que dessa forma se diferenciem das outras e se transformem em células maduras.
“É como se falássemos para ela: olha aqui, células dendríticas, isso aqui é um tumor, vocês precisam instruir os linfócitos a destruírem ele. Aí deixamos alguns dias em contato e injetamos por via subcutânea nos pacientes”.
Resultados promissores
Como a pesquisa ainda está em fase experimental, por enquanto ela só é usada em pacientes que não possuem mais outras possibilidades de tratamento e consentiram com a imunoterapia.
Os resultados têm sido promissores e essa redução do tumor aumenta a expectativa de vida dos enfermos em dois a três anos, segundo Márcia Michelin.
As injeções com as células maduras são aplicadas a cada 15 dias nos pacientes, e foi registrado uma redução considerável da massa tumoral. Os resultados são de até 3 meses após a aplicação, após esse tempo, o tumor estabiliza.
O grupo de pesquisa, após os resultados positivos, resolveu verificar se seria possível evitar o surgimento de um tumor, através da aplicação dessas injeções. Os testes foram feitos em camundongos e a resposta foi positiva.
“Para isso, separamos dois grupos de camundongos, um recebeu a vacina de células dendríticas e o outro não. Depois induzimos um tumor de mama nos animais. E, imagine, o grupo que recebeu a vacina não desenvolveu a doença”, contou Michelin.
O próximo passo do estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas (Fapemig), é entender essa estabilização do tumor depois de certo tempo.
O grupo também poderá ampliar seus estudos, estendendo à pacientes com doenças hematológicas, enfermidades que comprometem a produção de componentes do sangue.