DINOSSAURO: Cientistas publicam análise de fóssil encontrado em Ituiutaba
Artigo é capa da Revista Brasileira de Paleontologia; fragmento faz parte da coleção científica do Campus Monte Carmelo
Com informações Comunica UFU – Por Laura Justino
Desde 2019, a coleção científica do Laboratório de Paleontologia Estratigráfica da Universidade Federal de Uberlândia (Lape/UFU), localizado no Campus Monte Carmelo, conta com um fóssil que foi encontrado, no mesmo ano, na Serra do Corpo Seco, Ituiutaba, Minas Gerais.
A expedição feita por uma parceria de cientistas da UFU e de outras universidades durou três dias. Após três anos de pesquisa, a equipe publicou um artigo sobre a análise da paleotoca (estrutura escavada por animais para alimentação ou proteção) onde o fragmento de osso foi localizado.
Os indicativos mostram que o fóssil pertencia a um dinossauro. O material é a capa da edição de novembro de 2022 da Revista Brasileira de Paleontologia e os pesquisadores afirmam que o artigo é resultado da primeira vez em que um fóssil encontrado em Ituiutaba foi estudado e analisado.
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Fóssil descrito
Caio César Rangel, técnico do Lape, afirma que um fóssil é a “pedra preciosa” que auxilia na interpretação do paleontólogo de ambientes do passado. Ele também explica que um fóssil descrito é coletado e submetido a uma série de análises guiada por uma hipótese.
Resumindo, um fóssil descrito é um fragmento de osso que foi estudado. Mas como os cientistas sabiam a localização dele em Ituiutaba? Acontece que os pesquisadores reuniram os seus conhecimentos sobre Geociências e estudaram afloramentos na Serra do Corpo Seco que guiaram para a identificação de uma formação rochosa, chamada “Formação Adamantina”, que contém a presença de ossos por dentro e foi interpretada como uma possível paleotoca de peixe.
“Por ser a margem de um curso de rio, o mais interessante é que a paleotoca serviu como local de aprisionamento deste então osso de algum animal que morreu nas proximidades, durante um período de seca. As chuvas levaram parte desse osso para dentro da paleotoca e ali, ele foi submetido aos processos de fossildiagênese (‘virar fóssil’)”, relata Rangel.
Quando tal descoberta foi realizada, as escavações foram iniciadas e as rochas e fósseis coletados levados para o Lape, onde as atividades de pesquisa foram desenvolvidas. Os cientistas suspeitam que o fóssil pertencia a um dinossauro.
“Existem muitos dinossauros descritos para essa formação rochosa, principalmente dinossauros herbívoros (Saurópodes, aqueles dinossauros pescoçudos). Mas não podemos supor com dados diretos, apenas inferir com base no que já existe descrito e pesquisado para a Formação Adamantina”, esclarece o técnico do Lape.
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Os pesquisadores apontam para a probabilidade de existência de peixes pulmonados, conhecidos por construírem tocas na vertical, além da presença de longos períodos de seca interrompidos por eventos de inundação na antiga área marginal fluvial, que percorria a região Ituiutaba há cerca de 75 milhões de anos, no período Cretáceo.
O método de raciocínio utilizado para a pesquisa foi a inferência. Isso significa que os cientistas compararam o estudo com outras pesquisas e publicações realizadas por profissionais da área da Paleontologia.
O material estudado é uma toca incompleta de arquitetura simples e de pouca característica que permite o diagnóstico, de acordo com o artigo, mesmo assim, os cientistas inferem que a Formação Adamantina tinha uma fauna diversificada de vertebrados, dominada por tetrápodes (animais que apoiam os quatro membros no solo).
Além de Rangel, os outros pesquisadores que realizaram a expedição foram: a professora Sabrina Coelho Rodrigues, do Laboratório Analítico em Paleontologia (Labap/UFU), e o Daniel Sedorko, ex-coodenador do Lape/UFU e atual professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para desenvolver o artigo, juntaram-se a esses cientistas os paleontólogos Heitor Roberto Dias Francischini, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Pedro Victor Buck, professor do Campus Ituiutaba da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG); e Renata Guimarães Netto, do Campus São Leopoldo da Universidade Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).