Polícia investiga caso de estudante mineira que denunciou ataques na internet dias antes de morrer
Com informações G1 Triângulo
A Polícia Civil informou que investiga as circunstâncias da morte de Jessica Canedo, estudante de 22 anos, de Araguari, no Triângulo Mineiro. A morte da jovem foi comunicada por familiares na sexta-feira (22), e o sepultamento aconteceu na manhã do sábado (23).
Dias antes de morrer, Jéssica publicou uma mensagem em sua conta no Instagram, revelando que estava sofrendo ataques na internet. Ela pediu a exclusão dos posts contendo os prints falsos que estariam indicando um relacionamento entre a mineira e o humorista Whindersson Nunes.
Ambos negaram a autenticidade das mensagens, alegando serem fake news, e afirmaram que não se conheciam.
Em nota, a Nonstop Produções S.A., escritório responsável pelo gerenciamento de Whindersson Nunes, publicou o posicionamento do artista.
“Perplexo com o desencadeamento desse novo massacre público proporcionado pelo uso negativo das redes sociais, o artista lamenta: ‘Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho”.
O g1 questionou à Polícia Civil se o inquérito investigará a responsabilidade de terceiros por publicações mentirosas que podem ter induzido a jovem a tirar a própria vida e se familiares e amigos já foram ouvidos. A resposta, no entanto, não apresentou detalhes.
“Em relação à ocorrência de auto-extermínio registrada ontem (22/12), em Araguari, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que, na ocasião, o corpo da vítima, de 22 anos, foi encaminhado para ser submetido a exames. A PCMG esclarece que apura a causa da morte” foi a resposta completa recebida pela reportagem.
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Ministro se manifesta
Antes de morrer, Jéssica publicou um texto afirmando que, por causa das fake news, estava sofrendo ataques pela internet. A família dela informou que ela já sofria de depressão.
No sábado, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, citou o caso da jovem para defender a responsabilização tanto de quem propaga conteúdos falsos como das empresas responsáveis pelas redes sociais. “A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório”, afirmou neste sábado (23).
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“A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável”, continuou o ministro.
“Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”.
Pelo X, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, disse que a morte da estudante é “fruto da irresponsabilidade de perfis nas redes sociais que lucram com a misoginia e disseminação de mentiras e, igualmente, da falta de responsabilização das plataformas”.
“É inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe”, declarou Cida.