“Golpe da Novinha”; conheça e saiba como se proteger
Com informações Jornal da Manhã
Homens de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estão entre os alvos de um dos crimes de extorsão sexual que tem feito vítimas ao redor do país: o “Golpe da Novinha”, também conhecido como “Golpe da Falsa Delegacia” e “Golpe dos Nudes”.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, a advogada criminalista Ana Carulina Oliveira aponta que, normalmente, os estelionatários se passam por pais de supostas adolescentes ou até por delegados e investigadores da Polícia Civil, ameaçando ou chantageando as vítimas a pagarem para não terem seus conteúdos íntimos divulgados, ou, para não serem denunciados a supostas autoridades policiais. A advogada explica o padrão comumente adotado pelos criminosos.
“Uma pessoa cria um perfil falso, fingindo ser uma mulher jovem e atraente. Utilizando essa conta falsa, ela aborda suas vítimas nas redes sociais, especialmente homens casados de classe média e alta, e inicia um relacionamento virtual com intuito de obter fotos e vídeos íntimos das vítimas. Nesse processo, é o criminoso quem primeiro envia as imagens sensuais, mas quando a vítima responde com fotos íntimas que a identificam, o estelionatário entra em ação”, esclarece Ana Carulina.
Com base nas imagens coletadas das conversas, a suposta mulher bloqueia o perfil da vítima, e um impostor entra em contato, apresentando-se como o pai da jovem ou um delegado de polícia. O golpista alega que a jovem é menor de idade e solicita dinheiro para evitar a exposição da vítima perante sua família, esposa, empregador, polícia e mídia. Ao Jornal da Manhã, a advogada conta que foi procurada por um senhor de 65 anos que relatou sobre a falsa acusação de ter cometido um crime de pedofilia.
“Nesse caso específico os golpistas se passavam por policiais civis e exigiam a quantia de R$ 5.000,00 para não o denunciar. Aproveitando-se do desespero da vítima os estelionatários efetuavam diversas ligações, principalmente por meio das redes sociais, como de forma de pressioná-lo a efetivar o pagamento do valor exigido”.
Casos como esse se avolumam em Uberaba e não têm apenas os idosos como alvo, ao contrário. Ana Carulina conta que outro caso, envolvendo um homem de 30 anos, também gerou boletim de ocorrência policial por extorsão.
“Ele foi instruído a registrar um boletim de ocorrência e a não efetuar o pagamento de nenhuma quantia. Autoridades policiais não contatam investigados por meio de ligações de WhatsApp, ficando caracterizado que o rapaz teria sido vítima de uma tentativa de golpe. É importante ressaltar que toda investigação policial tem suas formalidades técnicas e não acontece por meio de conversas e nem de ligações por redes sociais. Menos ainda, a exigência de dinheiro para seu arquivamento”, explica.
De acordo com Ana Carulina, a principal barreira para combater esse tipo de crime é a vergonha que a vítima sente, o que a impede de denunciar e solicitar a abertura de uma investigação policial. “Minha sugestão é que as pessoas fiquem atentas a relacionamentos com desconhecidos que avançam rapidamente para a troca de imagens íntimas. É fundamental evitar ao máximo esse tipo de interação virtual com pessoas desconhecidas e jamais enviar fotos ou vídeos que possam revelar sua identidade”.
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Fui vítima, o que fazer?
A advogada aconselha as vítimas a resistirem às chantagens, e nunca depositarem valor algum aos estelionatários. Além disso, o ideal é consultar um advogado e sempre relatar o ocorrido a alguém de sua confiança, principalmente se a vítima for casada.
“Abra o jogo com sua companheira, pois é bem comum que os estelionatários divulguem fotos e vídeos mesmo após receberem algum pagamento”.
Outra orientação é denunciar o crime à polícia.
“Caso tenham efetuado o pagamento de algum valor mediante extorsão, lavrarem um registro de ocorrência. Muitas vezes, as vítimas não procuram a polícia porque acreditam erroneamente que estão envolvidas em crimes de pedofilia, quando, na verdade, estão sendo enganadas por falsários. Essa é a estratégia principal dos golpistas: fazer a vítima se sentir culpada e acreditar que está agindo de forma correta ao ceder à extorsão”, explica Ana Carulina.
Além do crime de extorsão, os golpistas podem ser processados por estelionato, organização criminosa (pois agem em grupo), falsidade ideológica, falsificação de documento público e falsificação de documento particular.
“Mesmo não sendo um crime com violência, a soma das penas pode variar de 16 anos e 4 meses a 42 anos, tornando o regime de cumprimento de pena obrigatoriamente fechado, sem possibilidade de penas alternativas. As vítimas desse tipo de golpe também devem procurar ajuda principalmente psicológica, já que os modos de atuação dos criminosos causam um enorme abalo psíquico”, finaliza a advogada.