Usina de São Simão opera atualmente com 16,26% do volume de água do reservatório
Com informações Jornal Opção
Devido ao longo período de estiagem, o nível dos reservatórios das hidrelétricas e das bacias que abastecem Goiás está em condições críticas. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina de Itumbiara, por exemplo, possui atualmente a situação mais grave e funciona com percentual de água menor que quando houve o apagão 2001.
Segundo a últimos dados da ONS, o volume útil atual de água da usina de Itumbiara é de 10,12%, sendo que durante o apagão, há 20 anos, a porcentagem era de 11%. A unidade conta com maior potencial de geração de energia hidrelétrica de Goiás, podendo produzir cerca de 2.083 MW.
Segundo o engenheiro eletricista Jovanilson de Freitas, que já atuou em Furnas, a diferença entre o cenário de 2001 para 2021, é que na época em que ocorreu o apagão, o sistema elétrico do país não era interligado. “Se tinha ilhas de geração. Tinha as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que era uma ilha, e a região Norte e Nordeste, que era outra. Cada região gerava energia para seus limites ali. Hoje o sistema é totalmente interligado, com exceção a Roraima”, explica.
Já a usina de São Simão, localizada na região sul do estado, opera atualmente com 16,26% do volume de água do reservatório, de acordo com o monitoramento diário da ONS. Com uma percentagem um pouco mais alta, a usina de Serra do Facão, que é administrada por Furnas e fica no município de Campo Alegre de Goiás,, funciona com 18,57% do volume de água.
Localizada entre os municípios de Cristalina (Goiás) e Paracatu (Minas Gerais), a usina hidrelétrica Batalha – administrada integralmente por Furnas – trabalha com 20,77% do volume de água. Responsável pelo abastecimento da região norte do estado, a hidrelétrica de Serra da Mesa, localizada em Minaçu, está com pouco mais de 26% do volume.
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Segundo Jovanilson, apesar do baixo volume de água, a segurança energética do atual sistema é alta, o tornando confiável e diminuindo os riscos de apagão. No entanto, a dependência do país às hidrelétricas acaba se tornando um problema, devido a esse baixo volume dos reservatórios e da grave crise hídrica que afeta o país.
“Dependemos muito de um ciclo de chuva com certa intensidade, o que não ocorreu muito nos últimos três anos e os nossos reservatórios não conseguiram recuperar seu porte de quantidade de reserva de água para suprir essa geração”, esclarece. Segundo ele, esse é o caso de Itumbiara, que apesar de ter grande capacidade de geração energética, acaba produzindo uma quantidade menor que o esperado.
“Há o controle e medição dos níveis de chuva e vazão do rio. No entanto, sempre há uma expectativa de se recuperar no período chuvoso. No entanto, já faz alguns anos que usinas de grande porte não abrem o vertedor, para extravasar a água que vem acima das expectativas. Itumbiara mesmo, não abre o vertedor há pelo menos 15 ou 16 anos, então no período de chuva, não consegue mais recuperar o reservatório”, pontua e cita o crescimento do país, que promove maior demanda energética, como uma das razões dos baixos volumes nos reservatórios.
Como opção para diminuição do impacto ao consumidor, que acaba sendo prejudicado no fim do processo, Jovanilson recomenda a observação quanto ao consumo de energia dos aparelhos e sugere. “É preciso pensar em consumo inteligente da energia e evitar equipamentos que geram consumo alto e impactam no final do mês”, diz Jovanilson. O engenheiro ainda pontua a instalação de placas de energia solar como uma boa alternativa para a economia a longo prazo.