Queda no nível de reservatórios de hidrelétricas do Triângulo Mineiro colabora para ANA declarar situação crítica de escassez hídrica

Com informações G1 Triângulo e Alto Paranaíba

No início da última semana, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica em áreas de cinco estados. Entre estas regiões, está o Triângulo Mineiro, onde o volume útil está abaixo de 25% nas hidrelétricas de Água Vermelha, Emborcação, Marimbondo, Nova Ponte e São Simão, que fazem parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, monitorado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Diante deste cenário, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) alerta para o uso consciente e racional de energia elétrica.

De acordo com o Governo Federal, o último período chuvoso, que acabou em abril deste ano, foi o mais seco em 91 anos no Brasil. Para saber também como está o cenário de chuva na região, a reportagem conversou com o climatologista Ruibran dos Reis.

Veja abaixo a situação do Triângulo Mineiro, bem como a previsão do tempo para os próximos meses e como a crise pode afetar a conta da energia elétrica.

Situação das hidrelétricas

De acordo com o ONS, o volume útil nas cinco hidrelétricas do Triângulo Mineiro que fazem parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste está abaixo de 25%.

Apesar de alguns reservatórios terem registrado aumento no volume útil nos últimos dias, o impacto é muito pequeno em relação à capacidade total do sistema. Vale lembrar que, quanto mais próximo de 100%, melhor. Ainda segundo o ONS, o armazenamento médio dos reservatórios de todo o sistema é o mais baixo desde 2001.

Água Vermelha

Instalada no Rio Grande, na divisa entre os municípios de Iturama (MG) e Ouroeste (SP), a Usina Hidrelétrica (UHE) Água Vermelha tem potência 1.396,200 Megawatts (MW). O lago é capaz de armazenar 2,13% do volume que pode ser armazenado pelo sistema.

Segundo o ONS, o volume útil no dia 1º de junho era de 8,94%. Já na última sexta-feira (4), o volume represado era de 7,74%.

Emborcação

A UHE de Emborcação está instalada no Rio Paranaíba, em Araguari, e é a maior do Triângulo Mineiro, representando 10,72% do subsistema Sudeste e Centro-Oeste. O volume útil do reservatório no dia 1º de junho era de 22,21% e registrou leve aumento três dias depois, chegando a 22,27%.

Emborcação tem uma potência instalada de 1.192 MegaWatts (MW). Isso significa que a energia elétrica máxima produzida abasteceria duas cidades do tamanho de Uberlândia. Porém, com o nível do reservatório baixo, não é possível gerar a potência máxima.

Marimbondo

Outra instalada no Rio Grande é a UHE de Marimbondo, que fica entre os municípios de Fronteira (MG) e Icém (SP), e tem potência instaladas de 1.440 MW.

Ela representa 2,64% do subsistema Sudeste e Centro-Oeste. No primeiro dia de junho, o volume útil da represa era de 6,30% da capacidade total; no quarto dia, havia subido para 8,21%.

Nova Ponte

A UHE de Nova Ponte fica no Rio Araguari e é responsável por 11,13% do subsistema Sudeste e Centro-Oeste. Com volume de 12.792 hm³, é a terceira maior hidrelétrica da Cemig, ficando atrás apenas de Três Marias e de Emborcação. A potência instalada é de 510 MW.

Em 1º de junho, o volume útil da represa era de 16,07%. No entanto, três dias depois, o reservatório estava com 15,99% do volume útil total.

São Simão

Localizada entre Santa Vitória (MG) e São Simão (GO), a UHE de São Simão opera com seis turbinas, que geram 1.710 MW. A energia produzida é suficiente para abastecer 6 milhões de habitantes.

A hidrelétrica representa 2,46% do subsistema Sudeste e Centro-Oeste. No dia 4 de junho, o reservatório estava com 10,6% do volume útil, enquanto no dia 1º, a capacidade estava em 10,09%.

São Simão operou abaixo de 10% do reservatório, sendo que, em 2017, por exemplo, o volume foi de 6,5%. A principal influência de fatores climáticos e também da política operativa realizada no sistema interligado nacional, que é coordenado pelo ONS, para que todas as usinas possam gerar energia no país.

Veja abaixo em gráficos como está a situação dos reservatórios de cada hidrelétrica: 

Tempo mais seco em 91 anos

O último período chuvoso foi o mais seco em 91 anos no Brasil. Em Minas Gerais, a situação não é diferente.

Segundo o climatologista Ruibran dos Reis, o período chuvoso no Triângulo Mineiro começa em outubro e termina em abril. Já o período seco vai de maio a setembro.

“As chuvas dos meses de outubro e novembro são importantes para a saturação do solo, depois é que começa o enchimento dos reservatórios. As chuvas dos meses de dezembro, janeiro e março são as mais importantes para o enchimento dos reservatórios”, afirmou o climatologista.

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Ainda segundo Ruibran, entre outubro e abril, as chuvas ficaram abaixo da média histórica em quase todos os meses (veja o gráfico abaixo).

“Pode-se observar que choveu acima da média histórica nos meses de outubro, dezembro e fevereiro. Entretanto, as chuvas ficaram muito abaixo da média nos meses de novembro, janeiro, março e abril”, concluiu o climatologista.

Volume de chuvas registradas no Triângulo Mineiro entre outubro de 2020 e abril de 2021 — Foto: Inmet

Volume de chuvas registradas no Triângulo Mineiro entre outubro de 2020 e abril de 2021 — Foto: Inmet

Abastecimento

Ao Jornal Hoje, a presidente da ANA, Christiane Dias, disse que a situação nas regiões Sudeste e Centro-Oeste é crítica, mas com o uso racional, não faltará água.

“O que estamos vendo é uma situação muito crítica e precisamos preparar os usuários. Não choveu, está chegando menos água nos reservatórios, que já estavam baixos. Então, nós temos que fazer um uso racional. É esse o alerta. Não é um alerta desesperador, de que vai faltar água na torneira. Não é isso”, afirmou.

No entanto, algumas cidades do Triângulo Mineiro monitoram o consumo de água e alertam a população para o período de estiagem

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