Luto: Mudinho morre aos 82 anos
Faleceu na noite deste domingo (11) o aposentado Geraldo Divino Nunes, o popular Mudinho. Ele tinha 82 anos e morreu devido a problemas de saúde.
O corpo será velado no Velório Municipal.
O sepultamento será nesta segunda-feira, às 8h30, no Cemitério de Santa Vitória.
HISTÓRIA DE VIDA
Em 26 de agosto de 2020, o mais conhecido cidadão santa-vitoriense completou 82 anos de vida. Trata-se de Geraldo Divino Nunes, o Mudinho, natural do município de Santa Vitória, nascido em 1938.
Mudinho é filho do saudoso casal José Batista da Cruz e Delminda Francisca de Jesus. Ao todo, Mudinho tem oito irmãos: Otacílio, Mercides, Josina e os falecidos Jerônimo, Mariana, Ana Batista, GuilhermesA (Duquinha) e Lázaro (Lazinho).
Geraldo nasceu surdo-mudo, daí a origem do apelido Mudinho.
Quando rapaz, Mudinho era muito inteligente e trabalhador: plantava milho, ajudava a mãe a fazer pamonha (às vezes não amarrava direito e mãe ficava brava) e fazia carroças de mão que, diga-se de passagem, ficavam perfeitas.
Conta a família que, a partir das morte da mãe, na década de 1970, ele entrou em estado de desânimo, e passou a perambular mais pela cidade.
Aliás, desde o falecimento de sua mãe, Mudinho ficou sob a responsabilidade da irmã Josina.
A mania de perambular pela cidade vem da adolescência. Até meados de 1990, não havia uma rua sequer em Santa Vitória em que Mudinho não tivesse passado por ela.
Um fato interessante ocorreu no dia da mudança de Dona Josina para o local em que reside hoje, na Avenida Nossa Senhora das Vitórias. Na época, Mudinho havia saído de casa de madrugada, e nada de aparecer em casa, para acompanhar a mudança.
Por fim, Dona Josina providenciou a mudança assim mesmo, porém, quando já estava anoitecendo, ela ficou ainda mais preocupada. Inclusive, pediu ao filho João Batista que tentasse localizar o Mudinho pela cidade. Foi em vão, nada de encontrar o irmão.
Mas, de repente, para a felicidade de Dona Josina, sem mais nem menos, eis que surge o Mudinho, que entrou pela casa adentro, como se já a conhecesse.
Há outro fato muito interessante, que nem Freud explica. Certa noite, a jovem Luciene Lima (filha do casal Pastor Waldemar e Adenair) conversava com amigos do lado de fora de sua casa.
Nessa roda, havia um amigo que estava pesaroso, contando que estava precisando de uma peça para sua bicicleta, e que não tinha condições de comprar a referida peça.
De repente, chega o Mudinho e entrega algo para o rapaz: incrível, era a peça da bicicleta que ele estava precisando. “Eu vi providência de Deus!”, conta Luciene Lima.
Até a pouco tempo, entre todos os moradores santa-vitorienses, Mudinho era sem dúvida a pessoa mais conhecida em Santa Vitória. Entre as crianças, então, era uma unanimidade, a grande maioria, aliás, morria de medo do coitado.
Uma curiosidade é que toda a vez que uma criança fazia travessura, ou “dava birra”, era comum os pais dizerem: “fica quieto, senão o Mudinho vai te pegar”, “lá vem o Mudinho” ou “vou chamar o Mudinho”.
Segundo a irmã Josina, a família encara o fato como uma forma carinhosa das pessoas para com o Mudinho.
Nos idos de 1990, Mudinho quase já não saía de casa. Talvez um sintoma do cansaço pelo avanço da idade. Às vezes passava o dia todo sentado, quieto.
Em 2014, devido uma trombose na perna esquerda, Mudinho teve o pé amputado, um fato demasiadamente triste com este cidadão folclórico, querido por todos, e que fez parte da vida de muita gente.
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