‘Vejo a matemática em tudo’, diz medalhista da OBMEP
Com informações IMPA
Ao ver o irmão mais velho, Marco Túllio, recebendo a medalha de bronze durante a premiação da 12ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Fernando de Souza Ferreira Filho não teve dúvidas. Também queria ser um medalhista na competição e, para isso, não faltavam incentivos.
Estudar matemática em casa para complementar as aulas do colégio já era hábito cultivado pela mãe dos meninos, Patrícia. “Quando Marco participou pela primeira vez, imprimi as provas de competições anteriores, disponíveis no Portal da OBMEP para fazermos juntos. Isso sem contar com todo o apoio dos professores”, lembra. “Já com Fernando, é o Marco quem estuda com ele. Dá gosto de ver os irmãos trocando o que aprendem”, conta sobre a atividade que ganhou ainda mais força durante a pandemia do coronavírus.
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No ano passado, Fernando garantiu pela segunda vez o ouro na competição e Marco, o quarto bronze. A comemoração foi tão grande que praticamente parou Santa Vitória, município de Minas Gerais com 19 mil habitantes. “Os meninos foram recepcionados com uma festa enorme no colégio. Fomos recebidos na Prefeitura e demos entrevistas para equipes de TVs”, recorda o pai Fernando, que trabalha como operador industrial
“Estudei matemática na época da escola, mas jamais imaginaria que meus filhos chegariam até aqui. É um orgulho imenso, sabemos que a competição é muito disputada e há cidades com 200 mil habitantes que ainda não registraram nenhum medalhista. E aí, penso que nós temos dois em casa!”
Aos 13 anos, o medalhista Fernando destaca que a OBMEP trouxe incentivo para que ele explorasse a área científica, como um todo. “Passei a competir também em outras olimpíadas e amo fazer parte deste universo. Ainda não sei dizer o que vou estudar na faculdade, mas, seja lá o que for, sei que vou precisar de conhecimento. Então, preciso estudar”, conta.
A lista de matérias favoritas do medalhista de ouro, que cursa o 8º ano da Escola Estadual José Paranaíba, é extensa. Além da matemática, estão a geografia, história e ciências, com destaque para astronomia.
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“Vejo a matemática em tudo, ela está em tudo que faço”, garante. O momento exato em que viu seu nome na lista de premiados da OBMEP foi um dos mais marcantes que já viveu até hoje. “Acessei o site de casa, mas como muitas pessoas estavam fazendo o mesmo, a página estava travando muito. Primeiro, vi que estava na lista, só depois vi que era medalha de ouro. Fiquei muito animado.”
Para registrar as conquistas, a família montou um quadro onde todas as medalhas dos meninos ficam expostas. Além das de ouro e de bronze da OBMEP, somam-se a elas as premiações da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBAS), competições que os dois estudantes também participaram.
“Conheci a OBMEP em 2016, quando passei a lecionar na escola onde Marco Túllio estudava e fui eu que apresentei a ele a competição”, lembra o professor de matemática Leandro Francisco Alves. “Inicialmente, criei o ‘Momento OBMEP’, aulas que aconteciam dentro do horário escolar toda quarta-feira, em que mostrava questões de anos anteriores e vídeos de medalhistas para incentivar a participação dos alunos. Mas aquilo foi só o começo. O projeto cresceu e passou a ser extraclasse, aberto a todos os meninos da escola. O Fernando já chegou nessa nova leva, com a OBMEP mais difundida por aqui.”
Atualmente, o irmão mais velho de Fernando cursa o segundo ano do Ensino Médio no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e pensa em seguir carreira por áreas que combinem o uso da matemática e da física.
“Participo do programa Mentores da OBMEP, através do PIC, que nos traz a oportunidade de aprofundar estudos em diversas áreas relacionadas à matemática, acompanhados por professores universitários. A escola técnica fica a cerca de 70 km de distância de casa, mas vale a pena”, revela Marco.
Mesmo durante a pandemia, ele e Fernando seguem nos preparativos para as próximas competições com aulas on-line. E planejam também levar o caçula da família, Eleno, de apenas 4 anos, no embalo matemático. “Ele já lê algumas palavras e consegue contar até 60! Quando for mais velho, vou fazer assim como Marco fez comigo e estudar com ele para as provas da OBMEP”, sonha Fernando.